terça-feira, 3 de julho de 2012

COLUNA DO IATA

 “TRICAMPEONES”

Nada mais simbólico para definir o que foi a vitória da Fúria sobre a Itália na final da Eucopa que essa palavra, manchete em todos os jornais da Espanha. A goleada imposta pelo time dos gigantes Xavi e Iniesta levou os torcedores nos braços até a porta do paraíso. Tão assombroso quanto a forma de jogar foi a ausência de medo e a confiança de um país inteiro. A final era uma partida e a consagração impossível é a conseqüência do talento aplicado à diversão. A Espanha mostrou ao mundo que o futebol é um jogo.
A Espanha alcançou o que ninguém jamais poderia imaginar num país que, há menos de dois anos sequer passava perto da galeria das seleções de primeiro mundo do futebol. O que temos visto é deslumbramento total. A facilidade com que os espanhóis subjugam seus adversários é espantosa. Os resultados impressionam pelos números e pela simplicidade como é jogado o melhor futebol da atualidade.
A final da Eurocopa mostrou uma Espanha absolutamente fluente, tranqüila, sem se importar com os mais de 60% de posse de bola a que está acostumada a impor sobre seus adversários. Jogou, impôs seu ritmo e deixou a Itália jogar, até um determinado setor do campo. “temos que esfregar os olhos, porém com cuidado, para não borrar jamais o que viram esta noite”, escreveu um colunista do jornal AS, de Madrid.
A Espanha tem jogado e vencido sem medo. Há imposto, em todos os jogos uma qualidade poucas vezes vista num campo de futebol, sem Pelé, Maradona ou Messi, que desequilibram qualquer proposta a ser executada. A torcida espanhola, em estado de graça, tem assistido sua seleção com absoluta certeza que será muito difícil para qualquer time, em qualquer lugar do planeta impor-lhe uma derrota.
Tão assombroso quanto a goleada imposta à Itália (não era a seleção de Malta ou coisa parecida, mas tetracampeões do mundo) foi o desprendimento mostrado pelo time dirigido por Vicente Del Bosque, que começa a caminhar a passos largos para a galeria dos imortais dos treinadores. É possível que para algumas pessoas a ficha não tenha caído, menos para os espanhóis.
Esse time conquistou a terceira Copa da Europa, igualando-se à Alemanha em número de títulos, sendo a única a ganhar duas vezes seguidas, sem nenhuma derrota e sem sofrer gols nas decisões. São três conquistas internacionais seguidas em apenas quatro anos, desde a segunda Euro, em 2008, o inédito mundial de 2010 na África do Sul e esse título que deverá ser comemorado pelas ruas de Madrid, terminando com o tradicional carnaval na praça Cibeles.
Difícil e injusto dar nota individual a esse grupo fabuloso, formado em sua base pelos dois gigantes do futebol mundial Real Madrid e Barcelona que, em determinado momento do jogo tinham em campo somente jogadores de seus elencos. Mas a tradição manda que apontemos alguém que possa representar o que de melhor foi visto em campo. O time começa pelo melhor goleiro do mundo, em simplicidade e competência. Casillas é quase imbatível e tem muito jeito para levantar taças.
A maquina, entretanto, funciona no meio campo, com dois baixinhos geniais, monstros na arte de jogar futebol: Xavi e Iniesta. Não há no mundo nada parecido. São dois jogadores à beira da perfeição. Fazem tudo com talento, simplicidade, doação, responsabilidade. E tudo isso como se estivessem brincando, se divertindo. Mostram ao mundo, principalmente grande parte da mídia brasileira, que é possível jogar bonito e ganhar.
Nada do que a Espanha tem nos presenteado seria possível sem essa geração fabulosa de baixinhos, é verdade. Mas o sucesso da seleção tricampeã da Europa tem nome: Vicente Del Bosque. Com sua perfeição moral ele tem um papel primordial em todas essas conquistas, respeitando e sendo respeitado pelo grupo. Seu talento como técnico dificilmente será reconhecido porque ele o dissimula, passa a idéia que são 50 milhões de técnicos que escalam o time. Se alguma coisa sai errado ele põe na sua conta.

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